Uma área de mata, com casas de pau a pique e estradas de chão, onde viviam famílias que cultivavam tradições açorianas. Assim teve início o Balneário Campo Bom, em Jaguaruna. Com o passar dos anos, o bairro cresceu e hoje é um dos maiores balneários, com ampla estrutura no município.

Apesar de seu desenvolvimento constante, a vida rudimentar e tradições antigas continuam vivas nas memórias de moradores e foram compiladas em um livro, que será lançado no dia 2 de fevereiro, às 19h30, no salão da igreja do bairro.

A obra “Campo Bom: A Comunidade e o Balneário” foi produzida pelos professores Celso de Oliveira Souza e Rodeval José Alves. Ambos adotaram o balneário como novo lar há décadas e decidiram fazer uma pesquisa para saber como tudo começou.

O escritor Celso de Oliveira Souza, que é natural de Orleans, mas mora há 30 anos no balneário de Jaguaruna, conta que foram necessários cerca de quatro anos para finalizar a pesquisa para a produção do livro, que está repleto de relatos e memórias afetivas. “Sou um curioso e comecei a pesquisar sobre a imigração açoriana e descobrir alguns fatos de quase 60 anos atrás. As primeiras famílias viviam da pesca nesse lugar que era uma grande mata fechada, sem igreja, sem escola, muito menos energia elétrica e água encanada”, diz o escritor.

Com o passar do tempo, o balneário começou a crescer e receber moradores de outras cidades, que se instalavam no local para aproveitar a praia. Com poucos recursos, eles se uniram para construir a primeira igreja e ali mantinham a cultura, com apresentações de boi de mamão, terno de reis e Festa do Divino, entre outras atividades que aos poucos foram se perdendo.

Visionários

Os autores Celso e Rodeval destacam parte do livro para contar sobre a história de João Manoel Viana, um mineiro aposentado que encontrou naquela área de Jaguaruna um local para investir e cuidar de sua família. João Viana foi um dos precursores da habitação no Campo Bom ao adquirir mais de 60 hectares e transformá-los em cerca de 800 lotes para comercialização. Para alcançar sua meta de povoar as áreas, ele contou com o apoio de alguns sócios, entre eles Zefiro Giassi.

O fundador e diretor-presidente do Grupo Giassi também teve grande participação no desenvolvimento do balneário, onde morou, instalou empresas e auxiliou João Viana na venda dos lotes. “Zefiro ajudou muito no desenvolvimento. Consegui entrevistar ele enquanto vivo. Ele tinha uma imobiliária no balneário, foi uma pessoa muito importante para o crescimento do Campo Bom”, conta Celso.

Com a chegada de novos moradores vindos de diversas cidades da região, houve o início de uma união pela construção de uma nova igreja e a conquista de uma escola estadual, que hoje atende mais de 500 alunos do bairro. “É um povo unido. Eles contam com uma associação de moradores atuante e não esperam pelos políticos para correr atrás de melhorias para o local”, ressalta o escritor.

Lançamento

O livro “Campo Bom: A Comunidade e o Balneário” será lançado no dia 2 de fevereiro, às 19h30, no salão da igreja do Campo Bom, com ampla programação. No local haverá missa de ação de graças, apresentações culturais, exposições, homenagens às personalidades citadas na obra, manifestações de lideranças e autoridades, além dos autógrafos com os autores.

“Acho de suma importância este livro, pois conta a história do nosso Balneário Campo Bom e parte de Jaguaruna. Acredito que, com seu lançamento, muitas pessoas passarão a olhar com outros olhos para o nosso balneário, além de despertar interesse turístico para desenvolver ainda mais nossa comunidade. Agradecemos aos professores por acreditarem no nosso balneário e aos empresários que ajudaram a tornar essa obra realidade”, comenta o presidente da Associação de Moradores de Campo Bom, Lauro Dias Vilela, que é um dos apoiadores na divulgação do livro de memórias.

Os exemplares serão comercializados no dia do lançamento e estarão disponíveis para a venda em alguns pontos de distribuição na região.

Lysiê Santos/Folha Regional

Fonte: FR

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