O TREM DAS NOVE
Já eram quase 9 horas de uma manhã cinzenta, um pouco fria de outono, a estação estava lotada de pessoas que estavam aguardando o famoso trem das 9.
Raramente ele não atrasava, mas neste dia, estava mais atrasado que o normal, e todos estavam impacientes, pois todos tinham compromissos a cumprir nas cidades de destino. Essa rotina acontecia todos os dias, porque o trem das 9 era praticamente o único meio de transportes entre as cidades vizinhas de Jaguaruna, porque o único ônibus partia sempre as 07:hs da manhã com destino a cidade polo de Tubarão, sendo que a passagem também era bem mais cara, e muita gente tinha que viajar de pé, coisa que muitos não gostavam, então a maioria optava por viajar de trem. Embora inalasse um pouco de fumaça devido a locomotiva ser movida a carvão ainda havia os inconvenientes das várias paradas para embarques e desembarques até a chegada ao destino final.
E entre os inúmeros passageiros e transeuntes que diariamente circulavam pelas plataformas lotadas, também todos os dias estava ali a espera do trem das 9, inúmeros garotos e garotas na faixa entre 8 e 16 anos de idade sempre em busca de faturar alguns trocados com as vendas de doces e demais guloseimas a serem oferecidas aos passageiros do trem das 9. Mas entre todos havia um garoto franzino com seus pouco mais de 9 anos, vestindo uma calça curta azul cack, um pouco surrada, que também era seu uniforme da escola, uma camisa listrada com mangas curtas, pés descalços, cabelo cortado com topete estilo Ronaldinho, levando em uma das mãos uma bandeja lotada de doces, pasteis, cocadas, canudos e demais guloseimas que se pudessem vender no trem, pedindo licença para todos, pois queria chegar mais próximo da plataforma quando o trem parasse, para ser um dos primeiros a entrar nos vagões e poder vender seus doces aos passageiros que se encontravam em todos os vagões e ainda escapar dos puxões de orelha do chefe do trem que não gostavam que a molecada vendesse seus produtos nos vagões devido a grande algazarra que se formava nos corredores com a fila de bandejas circulando.
Claro que além dele, tinha mais uns 20 garotos e garotas nesta faixa de idade ou um pouco mais, também com suas bandejas lotadas de doces aguardando o famoso trem, que na verdade era o maior mercado para se vender alguma coisa na pequena cidade, já que o trabalho era muito restrito, ainda mais para crianças naquela faixa de idade. Ainda bem que naquela época não existia uma coisa chamada ECA, senão todos os pais estariam em maus lençóis e estariam todos sendo processados por exploração de menores.
Aliás, neste trem se vendia de tudo, mas tudo mesmo, inclusive e principalmente água.
Mas esta é uma outra história que merece ser contada em um capítulo especial.
Voltando ao trem, que não demorou para apitar na curva do famoso Morro das Pombas informando sua chegada em poucos minutos na estação. E a partir deste momento todos já começaram a se aglomerar na plataforma, alguns para embarcar, e outros aguardando seus parentes que chegavam de viagem.
Na realidade a chegada do trem era um evento diário na pequena Jaguaruna, que na verdade eram dois trens que se encontravam nesta estação, sempre em torno de 9 horas da manhã e as 4 horas da tarde, todos os dias o pátio da estação ficava lotado de charretes, carroças e carros de bois, automóveis, um ou dois pois ainda eram muito poucos na cidade, imaginem que só haviam dois ônibus, e taxi apenas um.
Era considerado um evento diário, porque as duas composições partiam de lados opostos, uma saia de Araranguá com paradas em Maracajá, Criciúma, Içara, Morro da Fumaça, Esplanada, Morro Grande e Jaguaruna onde se encontrava com a outra composição que havia partido de Imbituba, com paradas nas estações de Laguna, Capivari de Baixo, Tubarão, e Congonhas e finalmente Jaguaruna.
Mal o trem estava chegando próximo da estação, o pequeno garoto e mais uma turma saíram correndo no meio de todos para subir no primeiro vagão e sair vendendo os seus famosos doces, antes até que o trem tivesse parado totalmente na plataforma da estação ferroviária.
Era a maior algazarra nos vagões, todos os doceiros e doceiras gritando, olha o doce, é pastel de banana, cocada, canudo, cartucho, muita gente querendo descer do trem, e muita gente querendo subir no trem. Na verdade era uma imensa comemoração, onde todos tinham um motivo para estar satisfeito.
E ainda tinha os que ganhavam seu dinheiro com um produto exclusivo e de grande aceitação pelos passageiros, a melhor bebida do mundo. A água, e muitos garotos passavam gritando, e olha a água, e olha a água, mas esta é outra historia que veremos nos próximos capítulos.
Quando todos os vendedores chegavam no último vagão de passageiros de um total de 5 ou 6 dependendo do dia, quase tudo, ou tudo já tinha sido vendido, isto queria dizer que o dia já estava ganho, e os bolsinhos das calças curtas estavam recheados de muitos trocados, que seriam levados para os pais e mães ajudarem no convívio familiar, porque naquela época, a vida era muito difícil. Oh se era.
O dia estava ganho. Porque no trem da tarde não dava para vender nada, todos tinha que ir para a escola. Isto era sagrado.
E o garoto ao passar pelo último vagão do trem das 9 desce todo feliz batendo com a bandeja vazia no vagão, por ter vendido todos os doces de sua bandeja naquele dia. Sua mãe ao ver chegar correndo com a bandeja vazia, o aguarda de braços abertos sabendo que tinha sido mais uma manhã de sucesso nas vendas do trem das 9.
E assim seriam mais inúmeros dias de muitos anos, daqueles inúmeros garotos e garotas da pequena Jaguaruna onde todos aprenderam muitas coisas na escola da vida.
Mal o trem estava chegando próximo da estação, o pequeno garoto e mais uma turma saíram correndo no meio de todos para subir no primeiro vagão e sair vendendo os seus famosos doces, antes até que o trem tivesse parado totalmente na plataforma da estação ferroviária.
Era a maior algazarra nos vagões, todos os doceiros e doceiras gritando, olha o doce, é pastel de banana, cocada, canudo, cartucho, muita gente querendo descer do trem, e muita gente querendo subir no trem. Na verdade era uma imensa comemoração, onde todos tinham um motivo para estar satisfeito.
E ainda tinha os que ganhavam seu dinheiro com um produto exclusivo e de grande aceitação pelos passageiros, a melhor bebida do mundo. A água, e muitos garotos passavam gritando, e olha a água, e olha a água, mas esta é outra historia que veremos nos próximos capítulos.
Quando todos os vendedores chegavam no último vagão de passageiros de um total de 5 ou 6 dependendo do dia, quase tudo, ou tudo já tinha sido vendido, isto queria dizer que o dia já estava ganho, e os bolsinhos das calças curtas estavam recheados de muitos trocados, que seriam levados para os pais e mães ajudarem no convívio familiar, porque naquela época, a vida era muito difícil. Oh se era.
O dia estava ganho. Porque no trem da tarde não dava para vender nada, todos tinha que ir para a escola. Isto era sagrado.
E o garoto ao passar pelo último vagão do trem das 9 desce todo feliz batendo com a bandeja vazia no vagão, por ter vendido todos os doces de sua bandeja naquele dia. Sua mãe ao ver chegar correndo com a bandeja vazia, o aguarda de braços abertos sabendo que tinha sido mais uma manhã de sucesso nas vendas do trem das 9.
E assim seriam mais inúmeros dias de muitos anos, daqueles inúmeros garotos e garotas da pequena Jaguaruna onde todos aprenderam muitas coisas na escola da vida.
Por Antônio Idalêncio




